quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Reconhecimento


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ARTWORKVincent Romaniello
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Quanto "actuamos", fazemo-lo com o objectivo do reconhecimento?!
Vivemos numa sociedade onde o reconhecimento dos nossos actos é posto a prova, torna-se necessário, reconhecimento profissional, pessoal, ideológico, onde quase tudo gira à sua volta.
Há quem afirme que as pessoas contraem matrimónio, constituem família como forma de reconhecimento, para que a sua existência, não passe incógnita, seja um legado.
Um acto de caridade, não será ele também um acto de reconhecimento perante Deus.
Louvores, homenagens, gratificações, não será tudo isto, actos de reconhecimento daquilo que somos, fomos, fazemos e fizemos.
Afinal sempre poder-se-á afirmar que vivemos para sermos reconhecidos!

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Espelho Humano


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casa do restaurado
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Pintura de Aderson Rozani

Uma amiga recente, postou sobre os espelhos como objecto, uns dias mais tarde, enquanto reflectia sobre muitas coisas da vida, veio-me a memória este post, assim nasceu a ideia de ver os espelhos por outro prisma.
As pessoas íntimas, das nossas relações, não serão elas um espelho vivo, ao nos mostraram visões de nós próprios, que de outro modo seríamos incapazes de ver.
Muitas das vezes somos incapazes de nos vermos a nós próprios, como somos, vimo-nos com os nossos próprios olhos, de dentro para fora. Os outros ao verem-nos de fora para dentro projectam em nós realidades inimagináveis aos nossos olhos, como se fossem um espelho humano, como que reflectem imagens de nós próprios que de outro modo seríamos incapazes de ver, como se um espelho se tratasse. Não quero com isso dizer, que essa visão seja a mais correcta, pois como em qualquer espelho, a imagem pode estar invertida, ajudam sim a ver pequenas coisas que nos passam despercebidas.
Vivemos dentro de nós, por isso torna-se necessários que tomemos conhecimento de nós próprios, de fora para dentro, ajudamos a melhor nos percebermos.
Como todo o bom espelho, ele alargamos o campo de visão.
Já me aconteceu em diversas ocasiões, um amigo ver-me mais nitidamente do que eu próprio seria capaz de me ver, e essa imagem ajudou-me a aperceber-me ou a reforçar certas "visões".

terça-feira, 27 de setembro de 2005

Perfeição

"Imagina o universo belo, justo e perfeito,"1
Como seria aos teus olhos, como o construirias, com que cores e formas o pintarias, e que justiça trarias tu?
"Depois assegura-te de uma coisa: o Ser imaginou-o melhor que tu imaginaste."1
Talvez, não ambicionando tanto, quem sabe, o mundo fosse melhor, visto e imaginado por quem nele saiba querer viver.

Perfeição, quando, onde, porquê e para quem?! Para te servir a ti, aos outros. Para o teu ego. Suplicas por ela quanto se escasseia, afugentas com ela quando em demasia.
A perfeição mora nos olhos de quem a vê, para quem a "obra" o propósito serve, talvez não passe de uma ilusão.
A ambicionada, suposta perfeição tornar-se-á como um pesadelo, se não a souberes respeitar, ou se demasiadamente a desejares.
A normalidade, a quase trivialidade, aos teus intentos não lhe servirá!?
Busca-la sem por vezes saber, onde sequer a encontrar, aonde e como poder-te-á ela servir.
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1 - Ilusões de Richard Bach

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Educar


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Cidade do Conhecimento
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Cada vez mais, hoje em dia a educação de um modo geral faz-se na escola, pois passamos grande parte da nossa fase de aprendizagem, na qual estamos mais receptivos, nelas, e já que estamos no período de regresso a escola, achei por bem falar deste assunto. Não pretendo ser fundamentalista, nem ofender ninguém, pois aqui não se aplica a frase "São todos farinha do mesmo saco", nas sim, "A carapuça só serve a quem a enfia".
Não sei quantos educadores irão ler este meu post, mas deixo aqui a minha opinião, poderá de alguma forma ser útil.
Educar não pode ser apenas expelir um amontoado de palavras! Pedagogia.
Muito de quem somos e dos traumas que carregamos, devemo-los aos nossos educadores, quer sejam pais, educadores de infância e professores.
Educar não é fácil, tem os seus fardos, mas isso não justifica a falta de pedagogia, a rudes nas palavras, a humilhação das plateias.
As dificuldades aqui combatem-se em grupo, com auxílio. Dúvidas, todos nós temos, uns mais do que outros. A dúvida pode despertar o conhecimento, não devemos por isso castra-lo, com um mero atestado de estupidez. Estúpidos são aqueles que não compreendem a razão da dúvida, ou não procuram encontrar a sua nascente.
Não sigam o caminho mais fácil e façam como a minha professora de português do ciclo, que ao constatar que eu era um bom aluno a todas as disciplinas com excepção a sua, sabendo ela das minhas dificuldades, em vez de se inteirar dos porquês, teceu um simples comentário castrador, negativo, "não sei como um aluno médio a português tem tão boas notas às outras disciplinas!?". Eu sempre tive dificuldades com a nossa língua mãe, pelo tardio contacto com ela, talvez daí a minha dificuldade de expressão e os meus traumas em parte causados pelo apoio demonstrado pela minha querida professora de português.
Digamos que o episódio marcou-me de alguma forma, mas felizmente não castrou a minha sede de conhecimento, nem deitou por terra a meu percurso académico.
Muitos dos nossos alunos ficam traumatizados em relação a matemática, sem razão aparente, a não ser a falta de pedagogia. Como quase todo na vida, para desenvolvermos algumas das nossas capacidades, temos que saber exercitar os nossos órgãos, como um ginasta exercita os seus músculos, uns mais que outros dependendo das suas necessidades, um aluno deve exercitar o seu cérebro, e a meu ver os professores deveriam sim incutir esse espírito aos alunos. Felizmente eu nunca senti essas dificuldades em relação a matemática.
Acima de tudo os nossos educadores devem ser flexíveis, pedagogistas, tolerantes e modestos, porque é sabido que nem todos têm a mesma capacidade de aprendizagem, e serem receptivos a actos de reciclagem.
Desculpem qualquer coisinha, mas por vezes minar o campo tem os seus efeitos positivos.
Sosseguem as vossas "armas", também sei que há bons exemplos, e eu felizmente tive alguns.

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Fotogenicamente falando...

Para os amantes da natureza e afins, a Fujifilm deliciamos com uma série de fotos fantásticas.
Façam como eu, vejam e maravilhem-se.








Clique sobre as imagens para abrir os links.

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

re.nascer

Todos nós somos livres em acreditar no que queremos, fundamentalistas ou dogmáticos sentimentais, descriminação intelectual, não...
Cada um é livre de ver e sentir a realidade com os seus próprios olhos, pois não existe uma só verdade.
Não devemos ignorar aquilo que a própria razão desconhece, deixar de ouvir, porque simplesmente não acreditamos.
Brian Weiss* escreveu: "...,Rosemary fez um comentário profundo sobre escutar. Disse que nós pedimos, pedimos mensagens, sinais e comunicações, mas raramente nos dispomos a ouvir. Como é que podemos ouvir se não escutamos? E escutar pode levar tempo. Temos de ser pacientes."

"Paciência e o tempo certo...tudo chega na altura certa. Não se pode apressar uma vida, a vida não pode ser trabalhada seguindo um horário, como algumas pessoas gostariam de fazer. Temos de aceitar aquilo que nos é oferecido numa dada altura, não podemos exigir mais. Mas a vida não tem fim e, como tal, nós também nunca morremos; na realidade, também, nunca nascemos. Passamos apenas por fazes diferentes. Não existe um fim. Os seres humanos têm tantas dimensões. O tempo não é como nós o vemos, desenrola-se em função das lições que aprendemos."

Se somos crentes, seja em que religião for, Budismo, Cristianismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, de certa forma acreditamos na imortalidade. Para que haja imortalidade, deverá existir em nós algo imortal, além do corpo, a alma. Brian Weiss* escreveu: "...o nosso corpo funciona meramente como um veículo para nós, enquanto cá estamos. A nossa alma e o nosso espírito é que duram para sempre."
Déjà vu, quem nunca os teve?! Eu já...

Pode parecer algo irracional, filosófico, falar neste tema, talvez tabu, nas sempre pode haver por detrás de uma mensagem, outra, como que oculta, que pessoas muito especiais poderão de certa forma desvendar.
Um amigo muito especial até já se antecipou.
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* in A Divina Sabedoria Dos Mestres

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Homem 7 ofícios


Sabe de quase tudo um pouco, domestico, electricista biscateiro, lenhador, em bom português, "faz tudo".
Este trabalhinho já andava a ser adiado há algum tempo, mas por mais que se adie o quer que seja, mais tarde ou mais cedo, as coisas acabam por ter que ser feitas.
Havia que fazer uma manutenção em algumas divisões da casa, então pôs mãos à obra, e ontem lá andou a pintar.
Como estava um dia algo quente, decidiu executar o dito trabalhinho, quase como se estivesse na praia, de calção, t-shirts e chinelinha.
Apesar do aprumo e jeitinho no manejo da trincha e do rolo de tinta, como é sabido, quem anda a chuva molha-se, quando acabou, quase que parecia que tinha sido apanhado por uma daquelas chuvas miudinha ou então haveria que o pudesse confundir com um dálmata, mas de pintinhas brancas.
Hoje, como são mais os momentos de ócio, com tanto sobe e desce o escadote, para junto à cana do tecto pintar e de tanto se abaixar, para junto ao rodapé pintar, quase que não podia andar, com tamanha dor de pernas.

domingo, 11 de setembro de 2005

Afectos

Outrora essa criaturinha, deitada na minha cama, foi o alvo dos meus afectos. Longas e quentinhas noites, juntinhos dormindo, ele quase sempre em meus braços.
Os anos passaram, cresci, tornei-me homem, ele, pobre criatura, jamais voltou a estar em meus braços, a ver o sorriso em meus lábios.

Muitos de vós também tiveram uma criaturinha, talvez em outro corpo, não na forma de um urso, mas também terá sido o alvo dos vossos afectos.
Este ursinho está velho, quase tão velho como eu, mas ainda continua a contagiar com a sua magia.

Quando somos crianças, tudo parece simples, inocente, até somos capazes de sentir afecto por estas criaturinhas. Tornamos homens, e com isso deixamos de ver a sua magia, deixamos de saber dar sem hesitar, esses tais afectos. Por vezes pensamos, erradamente, que somos incapazes de encontrar alguém que passe a ser o alvo desses mesmos afectos.

A inocência foi-se, ter-se-á ido também a afectividade?! Quero acreditar que não, pois em mim ainda restou essa capacidade. Talvez, enquanto adultos, estejamos a transformar a outrora simplicidade afectiva, num labirinto, onde muitas das vezes nos perdemos...

Tornou-se assim tão difícil de dar ou receber um simples afecto?! Se outrora fomos capazes, porquê deixamos de o saber fazer. Digamos que víamos o mundo com uma simplicidade que hoje, jamais seremos capazes de ver! Deixamos levar por outras ambições e esquecemo-nos, talvez, de uma das mais simples e importantes coisas da vida, os afectos.

Uns mais que outros, gostam de afectos.
Quanto a mim, ainda existe por debaixo da minha armadura, um ser capaz de dar e receber muitos afectos.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Palavras

Soltas, poéticas, em prosa, todas elas tem o seu poder, entusiástico, devastador...
Apesar de gostar delas, nunca tive muito o dom para elas, especialmente quando delas mais careço. Fogem, em debandada...
Elas existem, soltas, desajeitas na minha "gaveta".
Uma imagem vale por mil palavras, não digo que não, e uma palavra, por quantas imagens valerá?! Quantas vezes, uma simples palavra, nos afigura na memória infindas recordações.
Ecoam, infindas vezes, nas paredes da nossa consciência.
Nas reminiscências do meu ser, subsiste algo, ao qual, liricamente intitulei de "As palavras que nunca te direi". Pois foram inúmeras as ocasiões, em que uma ou centenas de palavras nunca chegaram a ver o raiar do dia. Poderiam ter, mudado o curso de uma vida, dilacerado corações, mas se nunca saíram da ardósia da minha imaginação, como poderei alguma vez, saber o efeito que tais palavras acarretariam. Amedrontado pela incerteza, esfumaram-se-me entre os meus dedos, oportunidades para concretizar um sonho. Perderam-se amizades, um grande amor...
O silêncio até pode ser de ouro, mas se nunca dizermos o que realmente desejamos, como poderemos alcançar a felicidade!
Os audazes nas palavras, em certas ocasiões ganham, noutras perdem. Os acanhados nas palavras, reservar-se-lhes-á algo...?!
Interiorizo muito as palavras, custa-me dizer o que sinto, uma simples palavra, quero-te, amo-te, desejo-te, com receio de algo perder. Mas se nada tenho, como poderia eu perder algo...Perco sim por antecipação, cobardia, talvez, timidez...
Será que o mundo se destina apenas ao mais audazes!?
Como eu gostaria de poder desfrutar da ousadia, para então dizer realidades, que apenas eu sei e quero viver...

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

O preço da evolução

Tudo está em constante evolução.
A diferença é que a natureza evolui harmoniosamente, em consonância consigo e com os outros, o Homem não, evolui sem olhar a meios e custos.
Será só nosso, este lindo planeta azul?!
Egoísta como nenhum outro ser vivo, sedentos de evolução, levamos á extinção muitas espécies e ameaçamos outras.
Estudos feitos com base em simulações computacionais, mostram um cenário catastrófico, daqui a 100 anos a terra ira de novo mergulhar numa era glacial, que poderá durar um século.
Com tanto desperdício de água, corremos o risco que daqui a 20/30 anos, dois terços da população, não tenha água potável.
A política das quotas da União Europeia faz com que milhares de toneladas de alimentos sejam destruídos. Com tanta fome que existe neste mundo, não seria mais racional, distribuir esses mesmos alimentos pelas populações famintas.
Para não falar em mais...
Intitulamos-mos como o único animal racional, afinal para que serve essa suposta racionalidade, se outros seres vivos, aos quais nós chamamos irracionais, são sem dúvida mais razoáveis do que nós.
Evoluímos dos primatas, mas depressa nos esquecemos, como viver em harmonia, com a natureza, com as outras espécies, com o próprio ecossistema, sem o destruir.
A nossa evolução ameaça cada vez mais o frágil equilíbrio do nosso planeta.

Muitos de vós neste momento poderão estar a questionar este post, o seu sentido, a sua razão de ser, mas afinal, se ninguém questionar, não iremos a lado nenhum e mundo não é só feito de coisas boas.
Por cada voz de protesto que se levanta, outras se lhes seguiram.