Afectos
Outrora essa criaturinha, deitada na minha cama, foi o alvo dos meus afectos. Longas e quentinhas noites, juntinhos dormindo, ele quase sempre em meus braços.
Os anos passaram, cresci, tornei-me homem, ele, pobre criatura, jamais voltou a estar em meus braços, a ver o sorriso em meus lábios.
Muitos de vós também tiveram uma criaturinha, talvez em outro corpo, não na forma de um urso, mas também terá sido o alvo dos vossos afectos.
Este ursinho está velho, quase tão velho como eu, mas ainda continua a contagiar com a sua magia.
Quando somos crianças, tudo parece simples, inocente, até somos capazes de sentir afecto por estas criaturinhas. Tornamos homens, e com isso deixamos de ver a sua magia, deixamos de saber dar sem hesitar, esses tais afectos. Por vezes pensamos, erradamente, que somos incapazes de encontrar alguém que passe a ser o alvo desses mesmos afectos.
A inocência foi-se, ter-se-á ido também a afectividade?! Quero acreditar que não, pois em mim ainda restou essa capacidade. Talvez, enquanto adultos, estejamos a transformar a outrora simplicidade afectiva, num labirinto, onde muitas das vezes nos perdemos...
Tornou-se assim tão difícil de dar ou receber um simples afecto?! Se outrora fomos capazes, porquê deixamos de o saber fazer. Digamos que víamos o mundo com uma simplicidade que hoje, jamais seremos capazes de ver! Deixamos levar por outras ambições e esquecemo-nos, talvez, de uma das mais simples e importantes coisas da vida, os afectos.
Uns mais que outros, gostam de afectos.
Quanto a mim, ainda existe por debaixo da minha armadura, um ser capaz de dar e receber muitos afectos.
17 comentários:
Passei só para te mandar um abraço. :)) Gostei muito de jantar ao pé de ti e conhecer-te. Amanhã comento, agora não tenho tempo.
O sentimento é recíproco Catatau, e mais, és uma pessoa que transmite energia positiva.
Obrigado rapaz!
Sabes? Nunca tive um Urso (de peluche!), mas sempre tive estimação por um carrinho. Era eu e ele. Sempre juntos. Eu e o meu carrinho do James Bond. Com as mudanças de casa perdi-o. Nunca mais fui o mesmo. Como eu gostava do raio daquele carro! Tive de crescer. Passei só a sonhar com ele...
um abraco muito grande da suica. estou meio sem tempo, mas queria deixar algo aqui de mim para voce. foi bom termos conversado. tudo de bom
Eu acho que falas no teu post de afectos mas de ordem diferente!
Eu não me lembro de ter assim um brinquedo de "eleição"... Ursinhos, só os comecei a apreciar mais tarde...
LOLOLOLOLOLOLOL
Obrigado Cláudio, também gostei muito. :)
TZ, apesar de também gostar de outros tipos de urso, nesta pots não me refiro propriamente a eles, sabes um (suposto) escritor, pode através de uma personagens expor certos aspectos da sua vida. O urso foi como uma bitola de comparação... (não sei se me faço entender, o raio das palavras). ;)
Eu tive um brinquedo de estimação; era o chamado Tim-Tim (não o da bd); era um artefacto em madeira muito colorido com uma roda, onde assentava um boneco também em madeira, que pedalava sempre que o brinquedo era accionado. Dispunha de uma pega por onde se empurrava, e tinha uma campainha junto da roda que emitia o tal "tim-tim" sempre que o boneco pedalava.
Eram os brinquedos de há quarenta anos atrás.
O TZ lembrar-se-à certamente.
Ó Swatch eu tb tive um desses! Era tão giro! Sabes que agora está outra vez muito na moda? É próprio de presentes de pais "ecológicos e etnográficos" aos seus rebentos, para que não sejam atraídos pelo consumismo dos brinquedos mediáticos! Continuam a ser muito bonitos na sua simplicidade e capacidade de entreter qualquer puto. :)
É bom que assim seja Catatau; chega de brinquedos violentos ou que induzam à violência.
Para violência, por vezes, já basta crescermos e percebermos o que é o dia-a-dia!...
Apesar da minha idade ainda me lembro desse brinquedo. Cheguei a brincar com um.
ver foto
Afinal ainda não sou tão "kota" quanto isso ... lololololololol
É Kota, é Kota, mas sabia toda. lolol
Menino Swatch!!!!
O Tz não se lembra nada desses brinquedos de há bué de tempo!!!
Você não quer ser "cota" sozinho...
LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
Dizes tu que tens "problemas de expressão" das palavras. Acho que até foi um dos teus textos que mais gostei de ler até hoje.
Um cavaleiro escritor, com a sua armadura feita de experiência de vida e que não tem armas para combater, apenas afectos para dar e receber... e escrever! (até rima e tudo)
Abraço!
Muito agradecido pelo elogio Gazpar.
Os meus "problemas de expressão" quem sabe, como tu dizes, não seja um complexo, ou então devido ao contacto mais tardio com a língua de Camões...
Talvez explique com mais pormenores num post futuro.
Abraço!
Ficamos à espera. ;)
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