sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Educar


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Cidade do Conhecimento
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Cada vez mais, hoje em dia a educação de um modo geral faz-se na escola, pois passamos grande parte da nossa fase de aprendizagem, na qual estamos mais receptivos, nelas, e já que estamos no período de regresso a escola, achei por bem falar deste assunto. Não pretendo ser fundamentalista, nem ofender ninguém, pois aqui não se aplica a frase "São todos farinha do mesmo saco", nas sim, "A carapuça só serve a quem a enfia".
Não sei quantos educadores irão ler este meu post, mas deixo aqui a minha opinião, poderá de alguma forma ser útil.
Educar não pode ser apenas expelir um amontoado de palavras! Pedagogia.
Muito de quem somos e dos traumas que carregamos, devemo-los aos nossos educadores, quer sejam pais, educadores de infância e professores.
Educar não é fácil, tem os seus fardos, mas isso não justifica a falta de pedagogia, a rudes nas palavras, a humilhação das plateias.
As dificuldades aqui combatem-se em grupo, com auxílio. Dúvidas, todos nós temos, uns mais do que outros. A dúvida pode despertar o conhecimento, não devemos por isso castra-lo, com um mero atestado de estupidez. Estúpidos são aqueles que não compreendem a razão da dúvida, ou não procuram encontrar a sua nascente.
Não sigam o caminho mais fácil e façam como a minha professora de português do ciclo, que ao constatar que eu era um bom aluno a todas as disciplinas com excepção a sua, sabendo ela das minhas dificuldades, em vez de se inteirar dos porquês, teceu um simples comentário castrador, negativo, "não sei como um aluno médio a português tem tão boas notas às outras disciplinas!?". Eu sempre tive dificuldades com a nossa língua mãe, pelo tardio contacto com ela, talvez daí a minha dificuldade de expressão e os meus traumas em parte causados pelo apoio demonstrado pela minha querida professora de português.
Digamos que o episódio marcou-me de alguma forma, mas felizmente não castrou a minha sede de conhecimento, nem deitou por terra a meu percurso académico.
Muitos dos nossos alunos ficam traumatizados em relação a matemática, sem razão aparente, a não ser a falta de pedagogia. Como quase todo na vida, para desenvolvermos algumas das nossas capacidades, temos que saber exercitar os nossos órgãos, como um ginasta exercita os seus músculos, uns mais que outros dependendo das suas necessidades, um aluno deve exercitar o seu cérebro, e a meu ver os professores deveriam sim incutir esse espírito aos alunos. Felizmente eu nunca senti essas dificuldades em relação a matemática.
Acima de tudo os nossos educadores devem ser flexíveis, pedagogistas, tolerantes e modestos, porque é sabido que nem todos têm a mesma capacidade de aprendizagem, e serem receptivos a actos de reciclagem.
Desculpem qualquer coisinha, mas por vezes minar o campo tem os seus efeitos positivos.
Sosseguem as vossas "armas", também sei que há bons exemplos, e eu felizmente tive alguns.

5 comentários:

Anónimo disse...

Acho que não estás a minar o campo - considero que tens "carradas" de razão! E mais: quem me dera que muita gente tivesse esse tipo de pensamentos em relação ao exercício da docência. É que,... sabes,... os portugueses desconfiam sempre muito do ensino. Desconfiam os pais. Desconfiam os alunos. E, para tornar o caso realmente dramático,... até os professores desconfiam! Se a classe dos professores (que eu, há uns anos, apelidava de "classe de gente sem classe") fosse a primeira a reconhecer os seus erros de forma modesta, positiva e numa perspectiva construtiva, talvez os portugueses olhassem para a arte de ensinar como uma das tarefas mais nobres que uma pessoa pode desempenhar! Não digo mais nada - embora me apeteça dizer muito - porque não quero tornar o comentário fastidioso.
Tem um bom fds. :)

lampejo disse...

Estás a vontade Catatau, podes-te alongar nos teus comentários, eu aprecio-os muito.
Sem querer estar para aqui a trocar galhardetes, a minha intuição diz-me que tu és um daqueles bons exemplos, como professor. Um óptimo fds para ti e para o ZC.

Tongzhi disse...

Sim Senhor!
Uma pedrada no ?charco?...
Parafraseando uma querida amiga (professora de português e muito brincalhona), digo:
?Só tenho um ?adjectivo?... GOSTEI? J
Ser professor, e ao mesmo tempo educador, nunca foi uma tarefa fácil. Com o decorrer dos tempos e com, cada vez mais, a impossibilidade dos pais terem uma participação activa na educação dos seis filhos, a complexidade aumentou e não foram criados mecanismos de formação para essa outra função. A massificação do ensino teve algumas vantagens mas também desvantagens.
Em educação, as medidas e opções tomadas levam muito tempo a mostrar os seus efeitos. Como era bom que tudo fosse como a Teoria do Caos refere ? Uma borboleta bate as asas em Tóquio e provoca um ciclone nos Açores. Mas não é de todo assim. Para além de demorarem muito tempo a mostrar os seus efeitos, é preciso, quanto a mim, uma investigação cuidada para perceber esses efeitos e introduzir correcções. Nada disto tem sido feito em Portugal. As medidas são umas atrás das outras. Hoje afirma-se que as calculadoras gráficas são essenciais para a construção do conhecimento matemático e, ainda os alunos não completaram o seu ciclo de estudos, já esta medida é contrariada...
Embora seja MUITO crítico à acção de alguns professores, tenho de, numa análise mais fina, verificar que muitos não têm formação para agir de uma forma correcta. Para se ser professor e educador não basta ter jeito, é preciso ter formação em muitas áreas.
Mais do que identificar culpados, gostaria de encontrar soluções. Infelizmente, por uma razão ou por outra, os nossos responsáveis pela educação não têm pensado como eu...
Quanto ao trauma da Matemática (ora chega para cá a brasa à minha sardinha!!!), para além do que referes há que acrescentar a questão cultural. Não me canso de afirmar que o problema dos nossos alunos com a Matemática está, para alem de outros factores, no facto de ser transmitida de geração em geração a má imagem da Matemática. Quem é que nunca ouviu da boca de um encarregado de educação a célebre frase ? Eu a Matemática até percebo que ele tenha má nota... eu também não gostava nada!

lampejo disse...

Tens toda a razão, TZ. Se a maioria dos senhores professores fossem como tu, podia ser que isto andasse para a frente.

Preciouzzz disse...

beijos, muitos